segunda-feira, 30 de abril de 2012

PROSA POÉTICA DA DESGRAÇA [OU AUTOAPOCALIPSE]

O sol já esqueceu de nós
O cigarro já não acende mais
Pois não há de onde tirar fogo [mais]
Está tudo cinza, e o único verde é de mofo
A lua se afastou, a maré paralisou [não há uma onda]
Eletricidade esta nula, pois nada flui, tudo escuro
A terra esta inerte, os animais adormeceram
Nem ratos, nem baratas
Apenas humanos, com movimentos uniformes
Se vou para direita todos vão,
se alguém se deita todos deitam
tudo em lentidão, não pensamos mais
Estamos na corrente da solidão
E o único sentimento é de que Deus se aproxima
A sensação de sua aproximação não é boa,
Sua presença machuca, sentimos uma ardência
Esse é o momento da revelação,estamos dentro de Deus
Somos parte disso, microcélulas de Deus
Este é o momento final, ele está prestes a cometer suicídio
O único som que se escuta é de seus berros ecoando pela infinitude
Deus uiva como um insano arrependido, mas já esta seco por dentro
Não há mais salvação, a morte e o vazio cobrirá tudo e todos
Deus é o verdadeiro inferno, ao qual estamos todos condenados
*imagem por Fabio Hacienda

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